[Resenha] Sete Dias pro Fim do Mundo, de Daniel Bovolento

by - setembro 11, 2020

Autor: Daniel Bovolento
Editora: Outro Planeta
Páginas: 63
Ano: 2020
Nota: ⭐⭐⭐💓


O mundo acaba em sete dias e Bruno só tem mais sete cigarros sobrando em casa. Uma onda de acontecimentos levou o mundo ao colapso extremo e, presas em casa há meses, as pessoas apenas receberam a notícia de que o mundo acabaria.Ninguém sabe como. Eles só têm a data pra isso: sete de julho. Bruno resolve racionar os cigarros enquanto conta o que sobra em casa. Passa o tempo lendo ou relendo os livros que sobraram, jogando videogame e observando os vizinhos pela janela. O sistemas de internet e televisão já foram desligados no Brasil. Enquanto fuma seu cigarro do dia, Bruno percebe a janela do apartamento da frente aberta e com luzes piscando. Tenta identificar quem seria o morador que ainda não abandonou o prédio. Até que surge Júlia, uma vizinha com quem já tinha esbarrado uma ou duas vezes sem trocar nada além de “bom dia” e “boa noite”. Em suas janelas, Bruno e Júlia iniciam uma relação pautada pela nostalgia e pela conformação com o fim iminente. Numa contagem regressiva dos dias que faltam, os dois se veem vulneráveis e partilham suas ideias sobre amores, família, traumas, observações cotidianas e experiências que os levam a revisitar períodos da vida em que o futuro ainda era incerto. Até que o mundo acabe.

Pra começo de conversa, esse conto é um projeto da editora "Outro Planeta", intitulado como "Pela janela de Casa". Bom, pra ser sincera eu li apenas o livro do Dani, mas estou louca para ler mais sobre esse projeto. 

Ai, Daniel, você acabou com o meu coração com esse conto 😢

Em Sete Dias pro Fim do Mundo, conhecemos Bruno e Júlia, dois jovens que se encontram em uma situação bem parecida com a que estamos vivendo atualmente, eles se conhecem num cenário apocalíptico: no meio de uma pandemia. Lendo esse conto, eu juro pra vocês que tive a sensação de realmente, toda história estar acontecendo com algum ser humano da vida real.

O enredo todo é o mais devastador possível: sai nos noticiários que restam apenas sete dias para o fim do mundo. Os mercados estavam fechados, não dava mais para Bruno ir até a casa dos pais, os telejornais tinham parado as transmissões, além disso tudo, Bruno estava com os cigarros contados. No meio disso tudo, Bruno conhece Júlia, sua vizinha de janela com passa a dividir os momentos dos últimos dias do mundo.

- "
É com profundo pesar que informamos que as telecomunicações serão encerradas no Brasil a partir do fim dessa transmissão(… ) O Governo confirma que o Perigo Invisível venceu. Só nos resta esperar pela catástrofe(…) Fique em casa. O mundo acaba em sete dias".

Enquanto Bruno, após ouvir essa transmissão na TV, fica desesperado, contanto os últimos cigarros. Júlia está em se apê, ouvindo tudo isso da forma mais bonita possível: ao som de Elis Regina acompanhada de uma garrafa de vinho e seu cigarro mentolado. Eles começam então uma amizade bem distinta pode-se dizer (Bruno, o cara de cerveja geladinha e tabaco e Júlia com seu cigarro com sabor e vinho barato) com data de validade: só sete dias e tudo acabaria.

Eu não achei que esse conto me deixaria tão destruída, mas a cada capitulo, temos uma versão de Bruno e Júlia, cada um se despedindo do mundo, contando os arrependimentos do que poderiam ter feito e imaginando o que poderiam fazer caso o inimigo invisível fosse embora. São sete dias compartilhando a hora do cigarro e muitas lembranças solitárias.

A escrita do Dani é simplesmente impecável, sou leitora fiel dele desde os tempos do ETC e o acompanho desde lá. Até brinquei (brinquei não, é real) com ele no twitter que, gostaria muito desse conto chegar até a dona Netflix e que eles comprassem os direitos autorais, pois convenhamos, o mundo precisa conhecer o Bruninho e a Jú.

Eu enrolei demais pra ler, não queria me despedir do Bruno e da Júlia, chorei (novidade) e fiquei querendo muito, muito, muito mais algumas páginas. Ao terminar o ebook, me peguei pensando no momento em que estamos vivendo e em como eu reagiria se hoje, ao ligar as redes sociais, soubesse que eu teria apenas sete dias para fazer tudo o que eu ainda não fiz.




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